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Derrocada do Master atinge os servidores de Maceió, mas líder preserva o prefeito JHC

Gestão aplicou R$ 117 milhões, banco quebra e só há garantia para devolver 250 mil reais

Por Blog do Romero 19/11/2025 16h04
Derrocada do Master atinge os servidores de Maceió, mas líder preserva o prefeito JHC
Risco da aplicação do Iprev/Maceió foi alertado pelo vereador Rui Palmeira - Foto: Reprodução

A liquidação do Banco Master, por decisão do Banco Central, poderia ser uma questão eminentemente financeira, atingindo os dirigentes da instituição bancária e os agentes que aplicaram dinheiro em seus títulos, mas já é sabido que vai respingar também sobre políticos, inclusive de Alagoas.

Em resumo é o seguinte: com um passivo que pode ir de R$ 12 bilhões a R$ 50 bilhões, dentro do que está sendo estimado pela investigação da Polícia Federal, o Master é um banco que não empresta, não financia, apenas recebe dinheiro para aplicações.

Por isso, desde o anúncio da liquidação na segunda-feira (17/11), o desespero tomou conta das pessoas e instituições que confiaram ao Master seus recursos para fazer aplicações. É que o Fundo Garantidor de Crédito só protege quem investe até R$ 250.000,00 por CPF e em bancos diferentes. Quem, por exemplo, aplica R$ 1 milhão em 4 agências do 'Banco Veron', só tem assegurada a devolução de R$ 250.000,00 em caso de falência.

A derrocada do Master é tão grave, que a Justiça ordenou e a Polícia Federal prendeu o dono do banco, Daniel Vorcaro, no Aeroporto de Guarulhos (arredores de São Paulo) quando ele se preparava para sair do Brasil usando aeronave própria, na noite da segunda-feira.

Emitindo CDBs com promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado, o Master atraiu muitos Fundos de Pensão incluindo o Iprev - Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Maceió. E é aí que Alagoas entra no descompasso dessa dança manetária.

Sob a gestão do prefeito João Henrique Caldas (PL), foram investidos R$ 117 milhões em títulos do Master e, em outubro, o vereador Rui Palmeira, da tribuna da Câmara, denunciou o risco de perda total desse montante em face da situação crítica do Banco. Na ocasião, o líder do governo, vereador Kelmann Vieira (MDB), rebateu afirmando que a situação do Master era estável e que o banco estava recebendo grande aporte de capital.

Na terça-feira (18/11), em meio à repercussão do decreto de liquidação pelo BC, Rui Palmeira voltou ao assunto e disse que o dinheiro dos servidores maceioenses 'virou pó'.

Kelmann Vieira de novo rebateu, informou que durante o processo de liquidação será formada uma lista de credores para receber dinheiro do Fundo Garantidor, mas não tocou no essencial: o Fundo só garante até R$ 250.000,00 (duzentos e conquenta mil reais). Quanto ao restante...

Kelmann também revelou que o prefeito JHC recebeu o Iprev com R$ 300 milhões e elevou suas reservas para R$ 1 bilhão.

Nos meios políticos, comentários, discussões e acusações convergem para a figura do prefeito JHC, que prefere não se manifestar sobre o episódio, deixando a defesa de sua gestão e do investimento malogrado a cargo do aliado Kelmann Vieira.

Enquanto isso, durante visita pessoal de Rui Palmeira ao Ministério Público de Alagoas, o procurador-geral Lean Araújo disse que o MP-AL já está ciente da denúncia e assumiu que adotará as medidas necessárias para apuração dos fatos.

Por tudo que já se sabe e pelo que está por vir, o episódio do Master tem potencial para desgastar o prefeito de Maceió: com os R$ 117 milhões perdidos, como antecipa Rui Palmeira, não existe fórmula para tapar o rombo, a não ser a velha mágica que permite cobrir um santo... descobrindo outro.

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Sobre o blog

Iniciou-se no Jornalismo como redator do Diário de Pernambuco. Foi editor do Diário da Borborema (PB) e do Jornal de Alagoas. Exerceu os cargos de secretário de Comunicação da Prefeitura de Maceió e do Estado de Alagoas.

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