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Pesquisa: JHC aparece à frente de Renan Filho para governador em 2026. Vai encarar?

Prefeito deve refletir e avaliar trunfos e desafios sabendo que, se vacilar, perderá tudo

Por Blog do Romero 24/10/2025 16h04 - Atualizado em 24/10/2025 16h04
Pesquisa: JHC aparece à frente de Renan Filho para governador em 2026. Vai encarar?
Antes de dizer se vai encarar Renan Filho, JHC avaliará trunfos e apoios de cada um - Foto: Reprodução

Em uma inversão dos números revelados em pesquisa de um mês atrás, o prefeito João Henrique Caldas (PL) apareceu liderando a corrida ao governo de Alagoas em sondagem divulgada na quarta-feira (22/10) pelo Paraná Pesquisa: 46,3% das intenções de voto contra 42,1% atribuídos ao ex-governador Renan Filho (MDB).

No dia 24 de setembro, a situação era o contrário: pesquisa do Instituto Real Time Big Data mostrava o ministro dos Transportes com a preferência de 49% dos eleitores alagoanos, enquanto o prefeito maceioense contava com o apoio de 43% do eleitorado.

Considerando a margem de erro dos levantamentos, tanto o de setembro quanto o de outubro indicam empate técnico, sendo que a enquete mais recente exibe uma imagem resiliente de JHC, pois no momento sua gestão está sendo questionada por uma aplicação de risco de recursos próprios do Instituto de Previdência dos Aposentados e Pensionistas de Maceió (Iprev).

Os dois, ministro e prefeito, estão em campanha, ainda que discreta, mas apenas o primeiro já adiantou que vai deixar o Ministério dos Transportes para disputar o cargo de governador, função que exerceu por duas vezes entre 2015 e 2022.

JHC ainda não diz o que pretende em relação a 2026, razão pela qual seu nome tem aparecido em pesquisas de forma aleatória, mas políticos de seu convívio e até familiares dizem ter ouvido o prefeito afirmar que 'vai sim' concorrer ao governo do Estado.

Aqui, vale anotar: para conseguir que o presidente Lula nomeasse sua tia Marluce Caldas ministra do STJ, o prefeito reeleito em 2024 precisou do apoio do senador Renan Calheiros e também recorreu ao deputado Artur Lira. Em face disso, surgiu a versão de um 'acordo' que teria sido firmado em Brasília, pelo qual JHC conseguiria a nomeação da tia, mas ficaria na Prefeitura até o final do mandato.

Com essa fórmula, Renan Filho disputaria o governo, enquanto a corrida às duas vagas no Senado reuniria Renan Calheiros (MDB) e Artur Lira (PP). O prefeito de Maceió nunca negou ou confirmou o acerto amplamente especulado. Mas, afinal, o tal 'acordo' de Brasília existe? Ou não passa de 'lenda brasiliense'?

O prefeito bem que poderia responder, mas não o fará. Primeiro, porque ao anunciar candidatura, criaria um clima de dispersão em sua equipe de assessores e funcionários de confiança. A gestão acabaria ficando em segundo plano e isso não seria nada positivo para quem pretende disputar uma eleição.

Segundo, porque a 'vantagem numérica' que o Paraná Pesquisa lhe confere em relação a Renan Filho só deve ser comemorada se ele estiver livre para decidir, mas o momento ainda não seria oportuno para responder se 'vai encarar' a batalha sucessória como indagado no título desta análise.

Isso mesmo. 

JHC não responderá nem assumirá uma posição sem antes fazer uma reflexão e uma análise detida sobre seu capital político e o potencial eleitoral de seu possível oponente. Porque, de bobo, o prefeito já provou que não tem nadinha.

A principal reflexão conduz a um ponto crítico normalmente relevado pelos analistas políticos: uma coisa é pesquisa antes do processo eleitoral, outra é o embate com as forças políticas em ação. Forças políticas são os apoiadores, correligionários, enfim, os aliados de um lado e do outro. Seu peso e sua influência sobre o eleitorado não aparecem senão quando a campanha é deflagrada. Porque é nesse momento que todos caem em campo e iniciam pra valer a batalha em busca do voto.

O prefeito de Maceió, isso é velho, tem o apoio maciço do eleitorado da capital e pode contar com o respaldo fechado do deputado Artur Lira no interior. Conta bastante. Mas as pesquisas também mostram que Renan Filho belisca 20% dos votos da capital e morde o grosso do eleitorado interiorano. Cerca de 90 dos 102 prefeitos alagoanos apoiam o atual ministro de Lula, que tem a adesão de mais de 600 vereadores, além de 23 dos 27 deputados estaduais liderados por Marcelo Victor, presidente e líder absoluto da Assembleia Legislativa.

Outro dado especial: além de vários deputados federais e dois senadores, também apoia Renan, em seu momento de maior aprovação popular (61% conforme números novos do Paraná Pesquisa), o governador Paulo Dantas, cada dia mais reconhecido pelo trabalho que está mudando Alagoas com gestão dinâmica e avanços em todos os setores essenciais do Estado.

Nessa linha de avaliação, JHC não responderá se encara ou não o desafio de concorrer ao governo antes de analisar outro ponto fundamental: o apoio de Lula, candidato à reeleição quase que sem adversário, agora que o bolsonarismo implodiu de vez com o ex-capitão Jair Messias condenado, inativo, inelegível.

A diferença, nesse terreno, é que um dos candidatos, apenas um, poderá fazer campanha mostrando (abraçado ao presidenciável da vez) os projetos e obras que pretende executar em Alagoas com total apoio do futuro governo federal.

Tudo isso, evidentemente, deve mexer com a cabeça do JHC acendendo uma luz de advertência: se perder a disputa em 2026, perderá tudo (eleição, mandato, função pública), ao contrário de Renan Filho que, vencido, ainda terá quatro anos como senador e também poderá retornar a um Ministério de Lula 4.

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Sobre o blog

Iniciou-se no Jornalismo como redator do Diário de Pernambuco. Foi editor do Diário da Borborema (PB) e do Jornal de Alagoas. Exerceu os cargos de secretário de Comunicação da Prefeitura de Maceió e do Estado de Alagoas.

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