A física é precisa e inflexível: dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, assim como cinco corpos não entram onde só cabem dois. Ocorre que essa última é a equação que se desenha para a eleição de senador em Alagoas, onde cinco nomes - por enquanto - compõem a lista de prováveis, possíveis e pretensos candidatos às duas vagas em jogo (correspondente a dois terços da composição da Câmara Alta).

Conforme pesquisa do Instituto Real Time Big Data, realizada no final de setembro, a ordem é a seguinte: o senador Renan Calheiros (MDB) lidera e é seguido pelo ex-deputado estadual Davino Filho (Republicanos), Alfredo Gaspar (União Brasil) e Arthur Lira (PP). Entretanto, em um cenário incluindo JHC (PL), a pesquisa constatou que o prefeito de Maceió aparece em primeiro lugar.

Embora eleição não comporte análise simplista, a realidade política de Alagoas permite considerar que a projeção revelada pela sondagem do Real Time Data tende a se consolidar, no que concerne aos 'possíveis vencedores', mas a dinâmica da campanha eleitoral poderá determinar mudança de posições.

Por exemplo: se JHC sair candidato e fizer dobradinha com Renan (cada um compartilhando o segundo voto), restará saber quem chegará às urnas em primeiro, considerando que o prefeito lidera de cabo a rabo em Maceió, enquanto o senador emedebista predomina em todo o interior alagoano, onde se concentram dois terços do eleitorado estadual.

Vale também lembrar que a 'dobradinha' aventada só será formada se, cumprindo o 'acordo de Brasília' (que culminou com a nomeação de Marluce Caldas como ministra do STJ), o prefeito JHC decidir participar da eleição sem concorrer ao governo, cuja disputa até aqui tem como favorito absoluto (segundo o Real Time Data) o ministro e ex-governador Renan Filho (MDB).

Com relação aos demais pretendentes ao Senado, dois nomes - Alfredo Gaspar e Arthur Lira - terceiro e quarto na pesquisa sem JHC, são deputados federais com chance de reeleição e colocarão os mandatos em risco se insistirem na disputa confiando no 'ou vai ou racha'. Lira não tem voto na capital e Gaspar não tem estrutura para enfrentar uma majoritária desse porte.

Correndo como franco atirador, já que desde 2022 permanece sem mandato, Davi Filho dificilmente teria como desbancar JHC ou Renan Calheiros, mas com certeza terá gás suficiente para dificultar a respiração tanto de Lira quanto de Alfredo Gaspar.

Sem mais cálculos ou simulações, conclui-se que todos têm projeto e ambição, mas cada um também conta com tempo de sobra para avaliar aonde as pernas e os votos lhe permitirão chegar, sem obviamente desprezar as Leis da Física.