Arthur Lira cedeu: sem pressão de Renan, isenção do IR viraria capítulo de novela sem fim
Lira também perdeu confronto em que o senador Renan detonou a PEC da Bandidagem

Ao concluir às pressas o relatório do projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil, o deputado Arthur Lira (PP) simplesmente cedeu à pressão do senador Renan Calheiros (MDB), que agiu como parceiro do governo Lula e como defensor de mais de 10 milhões de brasileiros que passarão a pagar menos IR a partir do próximo ano.
O simples fato de Lira se manifestar negando o uso do PL para fazer algum tipo de chantagem, já sugere que havia 'algo no ar'. Afinal, o presidente Lula enviou o projeto lá atrás, em março, e era o mais interessado em sua rápida aprovação, mas a votação não avançou tendo Lira como relator.
O deputado do PP nega, mas a demora na tramitação do projeto leonino deixou claro que a proposta do presidente Lula ficou paralisada de forma intencional para viabilizar outras pautas como a PEC da anistia aos golpistas do 8 de janeiro e à ultrajante PEC da Blindagem, que tinha Lira como um de seus defensores.
E o que aconteceu? O ex-presidente da Câmara acabou sofrendo mais duas derrotas para o senador Renan Calheiros, seu principal adversário nos embates da política alagoana.
A saber:
Primeira - Enquanto nos bastidores da Câmara Lira atuava para ver aprovada a chamada PEC da Blindagem (concebida para proteger congressistas corruptos, ladrões e assassinos), nas redes sociais Renan Calheiros espicaçou a proposta prevendo que, se aprovada, levaria o PCC (mais perigosa organização criminosa do Brasil) para dentro do Congresso Nacional. Sob clamor nacional, a famigerada PEC foi rejeitada e sepultada de vez no Senado graças à ofensiva do senador alagoano.
Segunda - Embora Arthur Lira afirme que o PL do Imposto de Renda não foi usado para chantagem, o fato é que a pauta da isenção ficou meses a fio paralisada e sem data para votação. Diante disso, Renan Calheiros deu um passo à frente, apresentou um projeto alternativo (também livrando da mordida do Leão quem ganha até R$ 5 mil) e em tempo recorde, para desespero de Lira, a matéria foi aprovada pelos senadores e encaminhada à Câmara dos Deputados.
O relator Lira sentiu a pressão, tanto que, irado, chamou Renan de 'relator oportunista', mas se viu na obrigação de fazer o que há muito tempo deveria ter resolvido: concluiu o relatório, apelou para o presidente Hugo Motta e, finalmente, o projeto de Lula teve apoio e voto unânime dos deputados presentes à votação.
Claro que Lira também estava retardando a isenção do IR para se manter em evidência, para ter o nome lembrado na mídia e nas redes sociais devido a sua condição de relator. Agora, sem a presidência da Casa e sem novos projetos em combustão, volta à humilde condição de membro do plenário que abriga outros 512 parlamentares, a maioria formada por anônimos.
Já na seara doméstica, isto é, em Alagoas, o deputado herdeiro de Biu de Lira vive o drama de aparecer, e na mais recente pesquisa de intenção de voto para o Senado (feita pelo Instituto Real Time Big Data), atrás do senador Renan Calheiros, que disputará a reeleição, e de nomes como Davi Filho e Alfredo Gaspar, sem falar no prefeito JHC que, incluido num dos cenários da sondagem, figurou em primeiro lugar.