Improbidade premiada em Alagoas: até quando vamos pagar essa conta?
Em 2023, o ex-deputado estadual Dudu Hollanda foi condenado por improbidade administrativa. A sentença foi clara: ele utilizou notas fiscais falsas e apresentou despesas incompatíveis com a realidade para receber verba indenizatória de seu gabinete enquanto parlamentar. Em outras palavras, enriqueceu ilicitamente às custas do povo alagoano, causando danos diretos ao erário público.
As penalidades impostas pela Justiça foram rigorosas e justas:
Suspensão dos direitos políticos por 10 anos; Proibição de contratar com o poder público pelo mesmo período e Ressarcimento de R$ 250.945,76 aos cofres públicos
Multa de R$ 30.000 por dano moral coletivo. Mas ele já pagou esses valores ao povo de Alagoas? A sociedade merece essa resposta. A Justiça, o Ministério Público e a própria Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) devem esclarecer se os valores desviados já foram restituídos aos cofres públicos e se a multa já foi quitada. Porque, até aqui, o que temos é silêncio.
O que sabemos segundo a imprensa é que, Dudu Hollanda foi nomeado este mês para um cargo comissionado na ALE, com salário bruto de R$ 23 mil por mês. Ele, que foi condenado por fraudar o uso de dinheiro público, agora retorna ao orçamento estadual, novamente sustentado pelo povo que prejudicou. Isso é um escárnio. Uma violência institucional.
Até quando Alagoas será cúmplice do cinismo político?
Não basta ser condenado por improbidade. Mesmo depois disso, a velha engrenagem da política local se encarrega de garantir abrigo e remuneração a quem deveria estar, no mínimo, afastado da máquina pública até devolver cada centavo e cumprir todas as penas determinadas pela Justiça. Se queremos resgatar a confiança no serviço público e na moralidade administrativa, não podemos mais naturalizar esse tipo de manobra. Nomear um condenado por improbidade para um cargo de R$ 23 mil mensais é insultar o contribuinte, é zombar da Justiça, é deslegitimar a Assembleia Legislativa, que deveria ser a casa do povo, e não refúgio de ex-parlamentares punidos por corrupção. Nós, alagoanos, temos o direito de saber: Dudu Hollanda já pagou o que deve a sociedade alagoana? Por que ele está de volta à folha de pagamento pública? Quem autorizou essa nomeação?
Enquanto essas perguntas não forem respondidas, resta a indignação.