Em manobra do comando local, PT lança deputado Paulão candidato a ficar sem mandato
Decisão interna açodada faz Diretório Estadual petista atentar contra o ‘óbvio racional’

Trata-se de uma decisão provisória, que pode e deve ser revogada mais adiante – prevalecendo lucidez e bom senso – mas repercute nos bastidores políticos o lançamento ‘prematuro, açodado e desproposital’ da candidatura do deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, ao Senado da República.
O avanço de sinal partiu do atual presidente do Diretório Estadual do partido, Ricardo Barbosa, e está sendo anunciado às vésperas da eleição dos novos dirigentes confrontando, para a presidência, o deputado estadual Ronaldo Medeiros, da ‘Resistência Socialista’, e Dafne Orion, da ‘Construindo um Novo Brasil’.
Em resolução firmada pela Executiva em estágio terminal, reafirma-se, obviamente, o apoio à reeleição do presidente Lula e manutenção de aliança com o governador Paulo Dantas, mas, num lance de ostensiva precipitação, define-se o ingresso da legenda na batalha por uma das duas vagas de senador.
O açodamento é óbvio e descabido pelas seguintes razões:
1 – O PT está prestes a eleger o novo Diretório Estadual e o processo de escolha começará já no próximo sábado (6/7);
2 – Quem está dentro e, sobretudo quem está fora, sabe que o PT não tem a menor condição – estrutura, capital político nem apoiamento – para disputar uma majoritária como governo ou Senado, aqui no Estado;
3 - Não faz nenhum sentido atentar contra o mandato federal de Paulão (contra o projeto de reeleição, bem entendido) – lançando-o numa disputa inglória e politicamente suicida.
Tem razão Ronaldo Medeiros quando critica a tal resolução, lembrando que esse tipo de atitude contraria o tradicional espírito democrático dentro da legenda: “Nosso partido tem uma história de construção coletiva”, afirma defendendo que “decisões dessa ordem só devem ser tomadas ouvindo-se a base, a militância”.
Apesar de ter Lula na presidência da República pela terceira vez, e de já ter conquistado governos em vários estados e capitais, o PT nunca passou de um partido de ‘aspirações’ em Alagoas. Até conseguiu uma vaga no Senado, com Heloísa Helena (1999/2027), mas durou pouco, pois rapidinho ela entrou em rota de colisão com o comando nacional, caiu fora e fundou o PSOL, cujo controle perderia mais adiante.
O grupo ainda dominante, no atual Diretório, também tem o direito de pelejar para se manter no ‘poder’, isso é instintivo na política, mas as manobras não devem afrontar o razoável.
Com muito trabalho, composições e entendimentos, Paulão pode, sim, renovar o mandato federal, mas correrá um ‘risco fatal’ se entrar no jogo ensaiado pelo grupo de Ricardo Barbosa e tentar o mandato senatorial no cenário que está desenhado para 2026.
Por isso, seria interessante que o próprio Paulão se posicionasse sobre a possibilidade de ser arremessado à ‘cova dos leões’.