GOLPES POR WHATSAPP E PIX: O QUE FAZER JURIDICAMENTE?

Nos últimos anos, golpes praticados por meio do WhatsApp e do Pix têm se tornado cada vez mais frequentes no Brasil. A facilidade e instantaneidade dessas ferramentas, que foram criadas para facilitar a comunicação e as transações financeiras, também atraíram criminosos interessados em se aproveitar da boa-fé das pessoas. Estas por sua vez se perguntam quais são os golpes mais comuns?, como se proteger? e, principalmente, o que fazer juridicamente caso você seja vítima?
Como funcionam os golpes por WhatsApp e Pix?
Criminosos utilizam diversas táticas para enganar vítimas, entre elas:
a) Clonagem de WhatsApp: os golpistas se passam por alguém da lista de contatos da vítima, geralmente com um número falso e foto semelhante, e pedem transferências através de Pix;
b) Falso sequestro: o golpista liga ou envia mensagens dizendo que alguém da família está em perigo e exige dinheiro imediato;
c) Falsos atendentes bancários: fingem ser do banco para obter dados da conta ou induzir a vítima a fazer transferências;
d)Venda de produtos falsos: perfis falsos em redes sociais oferecem produtos com preços baixos e exigem pagamento por meio de Pix. e depois, desaparecem.
Esses golpes geram prejuízos financeiros e emocionais. Em muitos casos, as vítimas sentem-se envergonhadas e acabam não denunciando e assim beneficiam os criminosos.
Se você foi vítima de um golpe por meio de WhatsApp ou Pix, você deve tomar as seguintes providencias:
1. Comunique ao seu banco imediatamente: Entre em contato com sua instituição financeira o quanto antes e informe sobre a transação indevida. Alguns bancos possuem canal de atendimento exclusivo para fraudes. É importante tentar bloquear o valor ou rastrear o destinatário da transferência.
2. Registre um boletim de ocorrência: Vá à delegacia mais próxima ou registre o B.O. pela Delegacia Eletrônica, dependendo do estado. Isso é fundamental para formalizar o crime e servir de prova em possíveis ações judiciais.
3. Guarde todas as provas: Tire “prints” de conversas, comprovantes de transferência, números de telefone e perfis usados no golpe. Tudo isso será útil para sua defesa e investigação policial.
4. Alerte seus contatos: Informe aos seus familiares, amigos e colegas de trabalho que foi vítima de golpe. Isso evita que outras pessoas também caiam no mesmo esquema.
Existe forma de recuperar o valor perdido? Essa é uma das dúvidas mais comuns. Em algumas situações, sim, é possível recuperar o dinheiro judicialmente. Os tribunais brasileiros já têm entendido que instituições financeiras podem ser responsabilizadas por fraudes, especialmente se houver falha na segurança do sistema. O artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) determina que o fornecedor de serviços responde, independentemente de culpa, pela reparação de danos causados por defeitos relativos à prestação dos serviços.
Portanto, se o banco não adotou medidas eficazes de segurança para evitar a fraude, pode ser responsabilizado. Além disso, se for possível identificar o golpista, uma ação de indenização por danos materiais e morais também poderá ser ajuizada contra ele.
Quais são os direitos da vítima? A vítima de golpe por WhatsApp ou Pix tem direitos garantidos pela legislação brasileira: a) Direito à reparação de danos (materiais e morais); b) Direito à quebra do sigilo de dados bancários do fraudador, mediante autorização judicial; c) Direito à interrupção de débitos automáticos se a conta foi comprometida; d) Possibilidade de solicitar cancelamento ou reversão da transação, nos primeiros momentos após o golpe, dependendo do banco. Além disso, a Lei 14.155/21, sancionada em 2021, aumentou a pena para crimes de estelionato cometidos por meio eletrônico, como os que ocorrem por meio de WhatsApp e Pix.
A jurisprudência tem sido favorável às vítimas, especialmente quando comprovada a inércia do banco ou a falha no sistema de segurança. Em alguns casos os bancos foram condenados a devolver os valores perdidos por meio do Pix, juízes determinaram a quebra de sigilo bancário dos golpistas, e houve condenação por danos morais, diante da angústia e estresse causados à vítima.
Cada caso, entretanto, é analisado individualmente, e é fundamental contar com o auxílio jurídico, principalmente, se possível, de um advogado especializado em direito do consumidor ou direito digital para garantir que seus direitos sejam respeitados.
Como se prevenir desses golpes? A melhor forma de lidar com esses crimes é evitando que eles aconteçam. Aqui estão algumas dicas: a) Nunca compartilhe códigos recebidos por SMS ou WhatsApp; b) Ative a verificação em duas etapas em seus aplicativos; c) Confirme por ligação se alguém te pedir dinheiro por mensagem; d)Evite clicar em links desconhecidos; e) Desconfie de ofertas boas demais para serem verdadeiras; f) Não forneça dados bancários por telefone ou mensagem.
Infelizmente, os golpes por WhatsApp e Pix são uma realidade crescente no Brasil, mas você não está desamparado juridicamente. A legislação brasileira vem se adaptando para proteger os consumidores e punir os responsáveis. Se você foi vítima, não se cale. Procure orientação jurídica o quanto antes. O primeiro passo para a justiça é agir com rapidez e reunir provas.

ADVOGADO, PROFESSOR DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, MEMBRO DA ACADEMIA ALAGOANA DE LETRAS ONDE OCUPA A CADEIRA NÚMERO 18 QUE TEM POR PATRONO MANOEL JOAQUIM FERNANDES DE BARROS E DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE ALAGOAS NA CADEIRA NÚMERO 27 QUE TEM POR PATRONO ANTÔNIO GUEDES DE MIRANDA E DA CONFRARIA QUEIROSIANA –AMIGOS DO SOLAR CONDES DE RESENDE – NO GRAU DE LEITOR – VILA NOVA DE GAIA – PORTUGAL. AUTOR DOS LIVROS : “FALANDO DE DIREITO.”- EDITORA CATAVENTO – MACEIÓ,AL.- 2008, “POEMAS DA ADOLESCÊNCIA.” - EDITORA CATAVENTO – MACEIÓ,AL.- 2008; “POEMAS ILEGAIS E OUTROS VERSOS” – IMPRENSA OFICIAL GRACILIANO RAMOS – MACEIÓ, AL. – 2015; “ VÍCIOS REDIBITÓRIOS” IN A TEORIA DO CONTRATO E O NOVO CÓDIGO CIVIL. EDITORA NOSSA LIVRARIA – RECIFE, PE – 2003; “CAPACIDADE E ENTES NÃO PERSONIFICADOS” – EDITORA JURUÁ- CURITIBA, PR – 2001.