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Anistia a golpistas é movimento nada sutil para evitar prisão e tentar reabilitar Jair Bolsonaro

Perdão é primeiro passo, seguido por mobilização para revogar a inelegibilidade do ex-presidente

Por Blog do Romero 10/05/2025 11h11 - Atualizado em 10/05/2025 14h02
Anistia a golpistas é movimento nada sutil para evitar prisão e tentar reabilitar Jair Bolsonaro
A tese da anistia foi a fórmula que uniu os aliados de Jair Bolsonaro dentro do Congresso Nacional - Foto: Reprodução

Para entender o movimento em curso no Congresso Nacional, em defesa de anistia para os criminosos do 8 de Janeiro, é preciso considerar três pontos fundamentais:

1 - De quem partiu a ideia de anistiar os golpistas, isto é, os articuladores do golpe e as pessoas usadas como massa de manobra?

2 - Quem são e o que realmente pretendem os envolvidos no movimento que tenta usar o Parlamento para 'perdoar' a malta que atentou contra o estado democrático de direito?

3 - O que explica um projeto tão urgente para livrar de 'qualquer punição' os autores e responsáveis por um atentado que poderia ter provocado a derrubada de um governo legítimo com uso de armas e derramamento de sangue nas ruas?

Não é mistério insondável. A tese da anistia foi a fórmula que uniu os aliados de Jair Bolsonaro dentro do Congresso Nacional. Poderia até parecer, mas nunca se tratou de um movimento para perdoar os 'patriotas inocentes' que depredaram as sedes dos Poderes em Brasília. É articulação urdida com outro fim.
Contido em uma 'proposta de anistia', o intento dos parlamentares bolsonaristas é simplesmente preservar a liberdade de seu chefe e líder, isso porque, diante de tudo que foi investigado e de todas as provas colhidas (depoimentos, gravações, cópias de documentos) afigura-se absolutamente impossível livrar Bolsonaro da prisão.

Salvo...

Isso mesmo. Salvo se os abnegados correligionários forjarem um projeto que, aparentemente voltado para os golpistas anônimos, tenha por fim desqualificar os delitos cometidos e tornar inimputáveis os verdadeiros autores do movimento deflagrado para, com os atentados aos Poderes, forçar uma intervenção militar com decretação do estado de exceção.

Um movimento para derrubar o governo Lula e colocar, para uma transição meteórica, os militares no poder, todos comprometidos com a convocação de Bolsonaro - que retornaria rapidinho dos Estados Unidos - para assumir o cargo de presidente que perdera na disputa legal com Lula. O esquema falhou porque os comandantes do Exército e da Aeronáutica não aderiram.

À parte a gravíssima questão do golpe, cumpre anotar que Bolsonaro está inelegível, não poderá disputar mandato nenhum até 2030, mas também é forçoso lembrar que 'golpistas desarmados' ainda acham que isso pode mudar, revertendo-se decisões soberanas da Justiça Eleitoral. Então, antes de qualquer coisa, imprescindível evitar que o líder vá para a cadeia.

Tudo isso serve para mostrar que a impunidade sem limite, que domina o Brasil atual, conta com o aval e o empenho de 'patriotas' empedernidos com assento no Congresso Nacional.

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Sobre o blog

Iniciou-se no Jornalismo como redator do Diário de Pernambuco. Foi editor do Diário da Borborema (PB) e do Jornal de Alagoas. Exerceu os cargos de secretário de Comunicação da Prefeitura de Maceió e do Estado de Alagoas.

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