Quando o ódio ameaça o espetáculo: o extremismo e os desafios do Direito
A polícia brasileira prendeu um grupo que planejava um atentado com explosivos, motivado por discursos de ódio, preconceito e ideologias extremistas

Era para ser apenas um marco histórico: Lady Gaga reunindo mais de 2 milhões de pessoas na praia de Copacabana, no maior show de uma artista feminina no Brasil. Mas, por pouco, esse dia não terminou em tragédia. A polícia brasileira prendeu um grupo que planejava um atentado com explosivos, motivado por discursos de ódio, preconceito e ideologias extremistas. A notícia assustou o país — e deveria assustar ainda mais quem trabalha com a aplicação do Direito.
Não estamos falando apenas de crimes comuns, mas de uma escalada global de terrorismo doméstico, muitas vezes alimentado por redes sociais e grupos extremistas. E o Brasil, que sempre se enxergou como um país “cordial”, começa a descobrir que não está imune a essas forças.
O Direito Penal brasileiro prevê punições severas para crimes como associação criminosa, porte ilegal de explosivos, incitação ao crime e terrorismo. Mas será que estamos preparados para lidar com as raízes desse problema? O extremismo não nasce no dia do ato violento — ele é cultivado lentamente, em grupos fechados, discursos inflamados e algoritmos que alimentam o ódio.
Aqui, o Direito encontra seu limite: por um lado, a Constituição garante a liberdade de expressão; por outro, não podemos fechar os olhos para discursos que colocam vidas em risco. Isso exige não só um olhar atento das autoridades, mas também políticas públicas de prevenção, educação e inclusão.
A provocação que deixo para você, leitor, é esta: o que estamos fazendo, enquanto sociedade, para desarmar as palavras antes que elas virem bombas?

Sandra Gomes é mãe, mulherista e ativista social. Advogada Criminal, Pós Graduanda em Direito Penal e Processual Penal, Pós Graduanda em Direito Médico. É ex Presidente da Comissão da Igualdade Racial da Abracrim AL e Ex Vice Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AL.