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Retrospectiva do calote: Maceió percebe que não se governa pelas redes sociais e prefeitura acumula crises e enganos

Cheques sem fundo, com assinatura da Prefeitura de Maceió se acumulam em diversas áreas: saúde, cultura, educação e setor terceirizado

Por Editorial Jornal de Alagoas 24/12/2023 16h04 - Atualizado em 26/12/2023 12h12
Retrospectiva do calote: Maceió percebe que não se governa pelas redes sociais e prefeitura acumula crises e enganos
JHC - Foto: Reprodução

Cadê a grana, Jota? Notoriamente conhecida pela habilidade de engajar o público nas redes sociais, a Prefeitura de Maceió e o prefeito JHC (PL) têm tido problemas em quebrar as barreiras da “vida real”. São diversas reclamações, denúncias de calotes e casos de represália que estão sendo recentemente expostos, por quem ousou cobrar da gestão municipal o mínimo que se espera de um ente público: transparência.

Começamos a retrospectiva do calote de 2023 pelo princípio. Herdado de 2022, o “sumiço” da Secretaria Municipal de Educação (Semed), deixou os alunos da rede municipal com o que restou: ilusão. A Olimpíada de Português, mais um evento anunciado com suposta grandeza, em praça pública, no ano de 2022 até hoje não premiou os alunos e professores que venceram a competição. Eles não querem mais os tablets, muito menos os vouchers entregues à época.

A Semed chegou a marcar a viagem, que fazia parte da premiação e cancelou logo em seguida, via mensagem de texto. As vítimas da ânsia política de Maceió querem, no mínimo, o reconhecimento sobre as redações e trabalhos produzidos. Falta hombridade.

Em junho deste 2023, a cultura sofreu com a falta de organização e responsabilidade financeira. Para além dos casos de escanteamento dos artistas locais, artistas de renome nacional cobraram publicamente o município de Maceió pelo “sumiço” com o pagamento dos shows do São João de Massayó, evento que elevou expectativas nas nuvens, nas redes, pelo prefeito megalomaníaco. Faltou o mínimo.

Leia mais sobre estes e outros casos:

Na saúde e educação a locomotiva das denúncias parecem chegar a todo vapor. Terceirizados dos serviços gerais estão há meses com salários atrasados, não receberam décimos e vivem uma incerteza constante.

Sem o pagamento dos meses de junho e julho, trabalhadores da BRA, empresa contratada para a limpeza e serviços gerais da Semed chegaram a denunciar ao Jornal de Alagoas que a Prefeitura ainda não realizou o pagamento, forçando a empresa privada a arcar com o custo, para não deixar os trabalhadores “na mão”. Até hoje, só saudades- a verba relativa aos meses “caloteados” não foi depositada.

Presente de Natal da Prefeitura

Chegando ao fim do ano, os protestos e cheques furados com a assinatura da Prefeitura de Maceió se empilham. O ineditismo da gestão JHC para anunciar façanhas jamais vistas na capital alagoana quase saiu pela culatra.

Em dezembro, pela primeira vez em 29 anos, o Festival do Bumba-Meu-Boi não seria realizado em Maceió, episódio lamentável para a história da cultura alagoana, não fosse a pressão do Governo do Estado, que abraçou e garantiu o apoio ao festival. Acuado, JHC voltou atrás, assumiu de bate-pronto ter verba, e patrocinou o festival, junto ao grupo rival. Ora, se há competição, João Henrique não poderia perder mais uma e não aceitou sair por baixo.

Ainda no último mês do ano, na área da saúde, empresas prestadoras de serviços em fisioterapia aos cidadãos maceioenses, relatam casos de coação, ameaças e, principalmente, o não pagamento das atividades prestadas. Pacientes são atendidos, mas a verba não sai. E pior: “Quem não quiser ficar pode sair”, argumenta o gestor da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Para quem já fez o trabalho, resta engolir o sapo e esperar o pagamento, sem previsão. Falta respeito.

A iniciativa privada - que deveria, em tese, ter o apoio da Prefeitura - também está sofrendo com o distanciamento do gestor.

Em uma gestão liberal, como insinua João Henrique Caldas ao filiar-se ao Partido, pasmem, Liberal, o PL, as empresas da iniciativa privada deveriam receber forte apoio da prefeitura para realizar um dos principais eventos de empreendedorismo e negócios do Brasil, porém, os eventos ficaram na bronca com o Prefeito.

Diretor da Trakto, Paulo Tenório chegou a abrir uma live, no dia 14 de dezembro, em seu perfil particular, para disparar publicamente contra a prefeitura e contra a índole do representante municipal, que deixou a desejar neste 2023.

Leia mais sobre estes e outros assuntos:

      O maior evento de empreendedorismo do Nordeste foi deixado de lado e, de última hora, teve que ser realizado em Ipioca, bairro do Litoral Norte, longe do Centro e sem a estrutura de hotéis, restaurantes, estacionamento e outros pontos de apoio necessários para garantir o bom funcionamento e a logística do fluxo de pessoas para uma atividade desse porte.

      Graduado em Harvard, JHC impressionantemente cursou o módulo de “Liderança Executiva em Desenvolvimento da Primeira Infância” na renomada instituição estadunidense, mas pelo visto, não era bom aluno.

      Os Conselhos Tutelares de Maceió sofrem justamente com a falta de “Desenvolvimento da Primeira Infância”, os carros disponibilizados para o serviço contínuo das Regiões de Atuação do Conselho foram confiscados por falta de pagamento de uma das secretarias “inovadoras” do prefeito. Falta água mineral, imóveis com 6 meses de atraso no aluguel e agora o carro. Alguns conselheiros inclusive afirmaram que a atitude da gestão “viola o direito das crianças e adolescentes de Maceió” justamente os direitos estudados por JHC, em Harvard.

      Assim, JHC vai acumulando débitos com quem contava com seu apoio. Em contrapartida, a população de Maceió sofre no bolso e percebe, cada vez mais, que política, gestão e políticas públicas não são moeda de trocas anunciadas em redes sociais para engajamento e likes, mas sim a garantia de dignidade e de uma representação pública que respeita e dá suporte aos seus cidadãos.

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