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Onde está a esquerda alagoana nas eleições de 2022?

17/09/2022 11h11 - Atualizado em 17/09/2022 12h12
Onde está a esquerda alagoana nas eleições de 2022?
Esquerda não recebe os mesmos recursos e escolhe fazer campanhas que abracem mentes e corações - Foto: Assessoria

Uma democracia se faz, entre outros pontos, pela escuta das vozes que contribuem para o debate público, pela análise dos projetos que podem contribuir para e com a sociedade e, pelo voto que deve escolher os candidatos mais preparados para representar o povo nos espaços de poder e das decisões políticas.

Em Alagoas, no entanto, a esquerda e suas vozes, membros e projetos são esquecidos ou ignorados e não participam ativamente da construção democrática. Mais forte e com presença na Camara de Vereadores, na ALE e no Congresso, o PT tem Dr. Valmir, Ronaldo Medeiros, ex-MDB e Paulão , porém esconde-se e hoje é coadjuvante: faz campanha e mobiliza sua militância em prol de Paulo Dantas. Na disputa eleitoral há apenas um representante de esquerda ao governo do estado e ao senado federal. São eles, Cícero Albuquerque e Mário Agra, ambos do PSOL.

Os partidos de esquerda, como noticiado aqui no JAL até formaram uma frente para tentar combater o bom combate. Sem forças ou coligações com as grandes máquinas eleitoreiras, fazem apenas o registro para a história de seus projetos e ideias. Caberá a nomes como Ronaldo Medeiros e a jovem teca Nelma do PSD atuarem mais fortemente em defesa dos menos favorecidos e das minorias sociais.

Veja só: esses candidatos não foram convidados para participar de debates como o do tarde turístico, da Federação das Indústrias, do setor agropecuário e, inclusive, o do Maceió Ordinário, uma das principais páginas da internet alagoana, que tem um grande poder de influência sobre os mais jovens principalmente.

Os motivos são diversos: podem achar que essas candidaturas não tem chance e por isso não merecem ser ouvidas. Podem achar que suas propostas não interessam ao debate, ou que é perda de tempo. Com apenas os sobrenomes que já compõem as oligarquias alagoanas no debate, a pergunta que fica é: a quem interessa essa exclusão e apagamento? Por que as pessoas, entidades, formadores de opinião e poder público, numa eleição em tese democrática, não ouve todos os atores que a fazem?

Um parêntese que precisa ser mencionado é que os candidatos de direita Luciano Fontes (PMB) e Luciano Almeida (PRTB) também não foram chamados a esses debates.

Isso nas campanhas majoritárias. Nas proporcionais, a luta desses candidatos é igualmente difícil. Por uma questão ideológica a esquerda também não recebe os mesmos recursos e escolhe fazer campanhas que abracem mentes e corações, sem os redutos ou currais eleitorais, sem as promessas de cargos públicos e sem a troca do voto por apoio.

As candidaturas identitárias lutam para conseguir representar quem dizem representar. Mulheres, negros, indígenas, pessoas lgbtqia+ são minoria (quando ocupam) nos poderes alagoanos, câmara, assembleia, judiciário e também no executivo.

Com um debate com ausência de todas as propostas e igual ausência nos espaços de poder, como nossa democracia há de funcionar? Nos grandes centros, essa realidade tem mudado, mas temos um triste exemplo de que quando se elege uma mulher negra, lésbica e periférica, sua voz pode ser, como foi, brutalmente silenciada.

A luta da esquerda alagoana nos pleitos legais e dentro do que se chama de democracia burguesa é válida e necessária, mas continua e vai continuar árdua e desigual.

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