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Candidato de Lira, delegado afastado vira paladino da justiça durante campanha

Por Blog do JAL 02/08/2022 18h06 - Atualizado em 03/08/2022 09h09
Candidato de Lira, delegado afastado vira paladino da justiça durante campanha
Candidato do partido de Arthur Lira, delegado afastado tem feito denúncias "vazias", contra adversários - Foto: Reprodução

O candidato ao cargo de deputado estadual pelo Progressistas, partido comandado por Arthur Lira em Alagoas, e delegado afastado da função para concorrer às eleições Thiago Prado, vem aparecendo, semana após semana, com novas denúncias sobre supostos casos de corrupção e mau uso do dinheiro público no estado.

Ele já denunciou um suposto esquema de compras de votos num bairro periférico de Maceió, acusando outros pré-candidatos. Segundo o próprio a denúncia foi feita e encaminhada pelo app Pardal, do TSE, que permite que qualquer pessoa apresente queixa contra propagandas irregulares e quaisquer outros crimes eleitorais.

Outra acusação foi feita contra uma Associação de bairro que teria recebido mais de R$ 1,6 milhão em emendas parlamentares da Câmara de Maceió. As emendas seriam, segundo o candidato, dos vereadores Brivaldo Marques (MDB) e Cau Moreira (PSC), ambos pré-candidatos a deputado estadual e federal, respectivamente e, coincidência ou não, apoiam o grupo de Renan Calheiros nas eleições, principal adversário político de Lira, chefe do Progressistas.

Hoje, entrou no radar das vídeo-denúncias do candidato, um suposto caso de desvio de dinheiro público em que um vendedor de caldo de cana do Centro de Maceió seria funcionário fantasma da ALE-AL e estaria, segundo Thiago, recebendo R$ 21.405,00 por mês.

A assessoria de Prado diz que o ambulante procurou o delegado, mesmo com ele afastado da função, para denunciar o caso.

“No vídeo, o suposto funcionário da ALE, que preferiu não se identificar, contou que foi abordado por uma pessoa perguntando se ele queria trabalhar para receber um salário mínimo, em novembro de 2021. ‘Eu disse que aceitava, então ele pediu meus documentos, inclusive o meu cartão do banco.
Quando fui ver minha conta corrente, estava recebendo quase R$ 16 mil’, disse ao reforçar que ganha somente R$ 700 com a venda de caldo de cana”, diz trecho da matéria da assessoria enviada à imprensa.

Sobre este último caso, a assessoria diz que ele vai junto com o cidadão fazer o Boletim de Ocorrência do crime e encaminhar a queixa para o Ministério Público e Polícia Civil, sem especificar quando.

Em paralelo a isso é perceptível o aumento na qualidade das produções audiovisuais nas redes sociais do delegado. No último vídeo, ele aparece de mangas arregaçadas, caneta no bolso da blusa, barba e cabelos alinhados, com as paredes da assembleia desfocadas ao fundo.

Perguntado pelo blog, o delegado não respondeu sobre o caso da associação de moradores e, quanto à denúncia de compra de votos, a assessoria limitou-se a dizer que a denúncia foi do aplicativo Pardal.

Sem encaminhar notícia-crime, sem realizar os procedimentos legais juntos ao MP e outros órgãos de controle, a pergunta que fica é: a quem serve tantas denúncias, por que o delegado afastado e candidato surge só agora com informações privilegiadas sobre supostos esquemas? O que sabe o candidato que não sabe o MP?

Longe deste blog proteger eventuais corruptos ou políticos que utilizam de recursos públicos para promoção e benefícios próprios, mas há de se questionar se os novos paladinos da justiça que aparecem em época de campanha eleitoral como sendo os benfeitores do pedaço também não querem promover a si mesmos em prol de seus objetivos pessoais.

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