No Sítio Nova América, em Igaci, Agreste de Alagoas, o Instituto Irmã Dorothy se tornou ponto de encontro para quem acredita no poder transformador da educação no campo. É ali que o Movimento dos Trabalhadores do Campo (MTC) realiza a formação de educadores responsáveis por alfabetizar jovens e adultos de diferentes municípios do interior do estado.

Segundo César Silva, coordenador do projeto, o modelo adotado segue a perspectiva freireana de uma educação que nasce da vivência e se renova continuamente. 

“A formação não para. Como dizia Paulo Freire, a educação é permanente porque o conhecimento se atualiza, e nós precisamos caminhar junto com ele. Aqui, aprendemos e produzimos saberes que não ficam estagnados”, explica César.

Professora há mais de três décadas, Angela dos Santos encontrou na alfabetização de adultos do campo uma nova forma de enxergar sua própria prática pedagógica. Após se aposentar da educação infantil e do ensino fundamental, ela decidiu ingressar no movimento. “Foram 34 anos na educação infantil e fundamental. Depois que me aposentei, entrei nesse movimento e descobri um trabalho totalmente diferente”, conta.

Para ela, alfabetizar adultos do campo é um processo que exige sensibilidade e conexão com a realidade de cada aluno: “Aqui lidamos com pessoas que buscam conhecimento a partir da vida que já têm. É muito gratificante ver o resultado: muitos chegam querendo apenas aprender a escrever o próprio nome, mas logo percebem que já carregam saberes importantes — e nós aprendemos muito com eles também”.

A proposta pedagógica é construída coletivamente e valoriza a cultura local, incorporando elementos da rotina agrícola às práticas de aprendizagem. Em parceria com a Secretaria de Educação de Alagoas, a iniciativa alcança mais de 800 agricultores em municípios do Agreste e do Sertão.