Agro

Conab estima produção de 663,4 milhões de toneladas de cana na safra 2025/26

Valor faz parte do primeiro levantamento da cultura para a temporada e está 2% abaixo da projeção final do órgão para 2024/25

Por NovaCana 05/05/2025 14h02
Conab estima produção de 663,4 milhões de toneladas de cana na safra 2025/26
Cana de Açucar - Foto: Reprodução

O ciclo 2025/26 de cana-de-açúcar teve sua produção estimada em 663,4 milhões de toneladas, volume 2% inferior quando comparado com o obtido na última temporada. O número faz parte do primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a atual safra, divulgado nesta terça-feira, 29.

Segundo a Conab, a área destinada para a cultura deve se manter relativamente estável em relação a 2024/25, com um ligeiro aumento de 0,3% chegando a 8,79 milhões de hectares. Já a produtividade média dos canaviais está estimada em 75,45 toneladas por hectare, uma queda de 2,3% quando comparada com a última safra.

Ainda conforme a entidade, essa redução no rendimento se deve às condições climáticas desfavoráveis durante as fases de desenvolvimento das lavouras em 2024.

A queda da colheita esperada para a região Sudeste, principal região produtora da cultura, afetou a redução da produção nacional. Na região, é projetada uma retração na colheita de cana neste ciclo de 4,4% quando se compara à safra 2024/25, totalizando 420,2 milhões de toneladas.

A região registrou também uma condição climática desfavorável durante o desenvolvimento das lavouras, sobretudo em São Paulo, onde, além das baixas pluviosidades e altas temperaturas, foram registrados focos de incêndios, que afetaram parte dos canaviais. Esse cenário influenciou negativamente a produtividade média em 3,3%, estimada em 77,57 t/ha. Além do menor desempenho das lavouras, a Conab também estima uma redução na área colhida.

Já no Centro-Oeste, a segunda região que mais produz cana-de-açúcar no país, a estimativa da Conab para esta safra é de 148,4 milhões de toneladas. O volume representa um crescimento de 2,1% sobre o ciclo 2024/25, influenciado pelo aumento da área cultivada em 3,4% chegando a 1,91 milhão de hectares.

De acordo com a entidade, esse incremento compensa a perda esperada na produtividade média de 1,2%, projetada em 77,57 t/ha, decorrente de condições climáticas menos favoráveis durante a fase evolutiva das lavouras.

Na região Sul, a produtividade tende a se manter estável, em torno de 69 t/ha. Por sua vez, a área deve apresentar uma elevação de 2,3%, chegando a 497,1 mil hectares, o que resulta em uma produção de 34,4 milhões de toneladas.

Já no Nordeste do país, onde as lavouras estão na fase de crescimento com previsão do início da colheita a partir de agosto, o incremento de área e a expectativa de melhores produtividades deverão aumentar a produção em 3,6%, com expectativa de colheita em 56,3 milhões de toneladas.

Um cenário semelhante é encontrado na região Norte. A expectativa da Conab é de uma maior área destinada ao setor sucroenergético e melhora na produtividade, estimada em 82,39 t/ha com o fator climático favorável, apontando para uma produção de 4,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

Produção de açúcar e etanol

Mesmo com a redução na safra de cana no atual ciclo, a expectativa da Conab é de um incremento na produção de açúcar, podendo chegar a 45,9 milhões de toneladas. Caso o volume se confirme ao final do ciclo, esta será a maior fabricação do produto na série histórica da Conab.

Por outro lado, a produção de etanol, somados os derivados da cana-de-açúcar e do milho, tende a apresentar redução de 1% em relação à safra anterior, estimada em 36,82 bilhões de litros.

Quando analisa apenas o combustível oriundo do esmagamento da cana-de-açúcar, a Conab vê uma diminuição de 4,2%, influenciada pela menor estimativa de colheita da matéria-prima. Essa queda é compensada pelo aumento da fabricação do etanol a partir do milho, que deverá ser acrescida em 11%.

Mercado

Para a Conab, a safra 2025/26 traz um cenário de expectativas positivas, ainda que marcado por desafios climáticos.

No caso do açúcar, a competitividade brasileira no mercado internacional segue elevada, tendo em vista os custos de produção relativamente baixos e a possibilidade de menor oferta em outros grandes produtores, como a Índia e Tailândia, por exemplo. Neste panorama, a Conab espera uma manutenção dos embarques em patamar robusto.

Já no etanol, a demanda interna continua vinculada à competitividade frente à gasolina e às políticas de precificação de combustíveis.

Além disso, a Conab destaca o aumento do combustível fabricado a partir do milho. Nos últimos anos, o setor tem expandido a capacidade de processamento do cereal, diversificando a matriz de combustíveis renováveis e garantindo maior estabilidade de preços.

Para a safra 2025/26, a expansão tende a prosseguir e, de acordo com a Conab, deve ajudar a suprir a crescente demanda interna, dando suporte ao mercado mesmo quando a disponibilidade de etanol de cana estiver reduzida

Levantamentos da Conab

Ao longo do ano-safra, a Conab faz quatro estimativas da cana-de-açúcar.

Os números e o comparativo entre os levantamentos estão presentes em uma planilha completa no NovaCana DATA, que inclui gráficos e o histórico das safras desde 2014/15. O acesso é exclusivo para assinantes.