O cultivo de hortaliças é uma excelente opção para o produtor rural, seja para consumo próprio ou para comercialização. Embora pareça simples, a implantação de uma horta é tarefa que requer conhecimento técnico para que as plantas se desenvolvam adequadamente, com o máximo de aproveitamento do seu potencial genético e dos recursos naturais.

De acordo com Ítalo Lüdke, pesquisador e supervisor de transferência tecnológica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Distrito Federal, o ideal é que o produtor busque assessoria na Secretaria de Agricultura do Município, na Empresa de Assistência e Extensão Rural (Emater) ou em outras empresas de extensão para planejar a instalação de hortas na propriedade.

“Apesar de parecer simples, organizar uma horta é uma atividade complexa por envolver diversos conhecimentos técnicos sobre o solo, o clima e as espécies cultivadas”, diz o pesquisador. Confira a seguir:

Como escolher a área

O ponto mais importante é a escolha da área onde a horta será implantada. O indicado é que o local receba de 4 a 6 horas de sol por dia, dependendo da cultura escolhida. A área não deve ser muito inclinada, de preferência mais plana, e também não pode ter sido utilizada como área de dejetos e nem ter tido problemas com contaminação biológica ou química.

Como deve ser a disponibilidade de água

A horta deve ser implantada em local com disponibilidade de água em qualidade e quantidade. A irrigação será feita por gotejamento ou por aspersão, dependendo da cultura escolhida.

Qual o tipo de solo mais adequado

Antes de implantar a horta é necessário avaliar a fertilidade do solo. O pesquisador Ítalo Lüdke explica que os grupos de hortaliças são muito exigentes em termos de fertilidade. “Se o solo não for fértil é necessário construir essa fertilidade”, diz. Ele também pode escolher para iniciar o cultivo espécies menos exigentes, como por exemplo as plantas alimentícias não convencionais, conhecidas como PANCS, que são espécies mais rústicas e adaptadas às condições do solo e do clima local. Exemplos de Pancs mais conhecidas são: Ora-pro-nobis, Taioba, Feijão macuco, Batata d´água, Dente de leão, Hibisco, Peixinho, Azedinha, entre outras.

No grupo de plantas convencionais, o tomate e o pimentão são mais exigentes e necessitam de um solo muito rico em nutrientes porque a produção de frutos demora mais, acontece entre 3 e 4 meses. Já o grupo das hortaliças folhosas tem ciclo mais rápido, embora também demande solo fértil para que a hortaliça se desenvolva com qualidade e dentro das exigências do mercado consumidor.

Como escolher as hortaliças

A escolha depende do mercado que vai absorver o produto, mas normalmente as pessoas começam com folhosas, como alface, couve, que tem um ciclo mais curto são menos exigentes de nutrientes. “Assim o produtor tem uma rotação maior, conseguindo vender mais rapidamente, sendo que algumas espécies com 30 dias após o plantio já podem ser colhidas, como a salsinha, a cebolinha e temperos”, diz Lüdke.

No caso do grupo das hortaliças frutos, além de possuírem ciclos maiores também estão mais suscetíveis à pragas e doenças. Neste caso, os produtores devem dominar as técnicas para o controle e manejo de pragas a fim de produzirem com custo baixo e boa qualidade.

A escolha das sementes

O indicado é que o produtor compre semente de empresas certificadas. Alguns agricultores mais experientes conseguem produzir sua própria muda, mas isso demora um tempo. Não é qualquer região e nem todas as hortaliças que ensejam essa possibilidade.

Plantio das mudas

Inicialmente o cultivo das hortaliças deve ser feito em bandejas, para que posteriormente as mudas sejam transferidas para os canteiros. Principalmente no início é recomendável que se irrigue todo dia, ao menos duas vezes por dia. Conforme o sistema radicular da planta for crescendo é indicado aumentar o tempo de cada irrigação e diminuir a frequência entre uma irrigação e outra, de acordo com a cultura cultivada e do tipo de solo. As hortaliças devem ser acompanhadas diariamente, principalmente para um eficiente monitoramento de pragas e doenças.

Quando é recomendado o cultivo em estufas

Uso de estufas é indicado para as culturas muito exigentes e que também tenham rentabilidade melhor, como por exemplo o tomate grape, pois há um custo inicial alto para o cultivo protegido. Também é recomendada em regiões com grandes diversidades climáticas, que sejam muito quentes, muito frias ou com muita chuva. O cultivo protegido ajuda a controlar o clima e a incidência de pragas. Os custos dependerão do local, do tamanho e da estrutura a ser utilizada.